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  • Vinho Magazine

Rio Grande do Norte – A vez da cachaça Pontiguar!

Produtores do RN investem na alta qualidade da produção de cachaças artesanais e partem para a conquista de novos mercados

Produtores como a Mipibu também investem no receptivo aos turistas
Produtores como a Mipibu também investem no receptivo aos turistas

Conhecida como a Terra dos Verdes Mares, por suas enormes plantações de cana de açúcar em áreas extremamente férteis de solo massapê, o Rio Grande do Norte teve a cana de açúcar como protagonista do desenvolvimento econômico a partir da criação do primeiro engenho de açúcar, o Engenho Cunhaú, no início do século 18. Abriu-se então o cenário representado pelas grandes áreas de cultivo da cana e produção de açúcar, rapadura e cachaça.

Acima colheita de cana para a produção de Cachaça na Destilaria da Cachaça Maninha
Acima colheita de cana para a produção de Cachaça na Destilaria da Cachaça Maninha

Os registros do século 19 apontam um crescimento significativo da atividade canavieira, visto que em 1845 existiam no estado 43 engenhos – e em 1861 já eram 174. Como bem escreveu Luís da Câmara Cascudo, renomado sociólogo, antropólogo e folclorista natalense, que dedicou sua vida ao estudo da cultura brasileira e em inúmeras obras literárias trouxe riqueza de detalhes que confirmam a importância cultural da cachaça: “onde mói um engenho, destila um alambique”, podemos pressupor que vem de longe a intimidade do povo potiguar com o nosso destilado nacional. Na atualidade, o que se vê é um mar de oportunidades para as cachaças do Rio Grande do Norte. Produzidas com muita tecnologia, seguindo as boas práticas de fabricação, utilizando equipamentos modernos, manejo cuidadoso e controlado do canavial, técnicas apuradas de destilação e envelhecimento, o estado tem produzido cachaças de excelência.

Setor de embalagem e despacho da Mipibu
Setor de embalagem e despacho da Mipibu

43 MARCAS NO RN

O Anuário da Cachaça 2021 atesta que no Brasil existem hoje mais de 5.900 marcas de cachaça com registro no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Dessas, 43 são marcas do Rio Grande do Norte, fabricadas em 12 estabelecimentos produtores registrados, distribuídos em 11 municípios do Estado.

Algumas marcas despontam na preferência dos consumidores e várias também na conquista de premiações. Nesse contexto cabe citar algumas delas: Coração de Alambique, Grau de Pureza, Extrema, Fulô do Mato, Maninha, Maria Boa, Mipibu, Mucambo, Papary, Pátria Amada, Peri, Punaú, Samanaú, San Valle, Takaray, entre outras.


GELADA E COM FRUTAS

No Rio Grande do Norte é usual você pedir uma dose de cachaça em um bar ou restaurante e o garçom trazer até à mesa a garrafa bem gelada, acompanhada de frutas – fatias de caju, lascas de abacaxi, cajá, umbu, seriguela – variando de acordo com a estação, sendo sempre uma deliciosa opção de harmonização.


Exposição de antigo engenho
Exposição de antigo engenho

Os produtores das cachaças potiguares estão atentos às tendências mundiais do segmento de bebidas adultas e às preferências dos consumidores, apostando alto na diversificação de

Pórtico de entrada do Engenho Olho D’Água
Pórtico de entrada do Engenho Olho D’Água

madeiras para a finalização dos produtos, nos blends e nas bebidas mistas à base de cachaça, com graduação alcoólica mais baixa. Algumas marcas adotam inclusive a estratégia de produção de multidestilados, oferecendo ao mercado também gins e vodcas. É o caso da San Valle, cujo blend de 5 madeiras é composto por cachaças armazenadas em carvalho, umburana, louro, canela, cumaru e freijó; e no último ano lançou o gin 20 Botânicos e a vodca San Valle.

No quesito envelhecimento e finalização, os produtores estão explorando largamente as madeiras e oferecendo ao consumidor cores, aromas e sabores ricos e diferenciados. É o caso da Cachaça Mipibu, produzida em um engenho centenário, completamente revitalizado, que realiza um trabalho de finalização em mais de 22 madeiras. Em se tratando de barricas importadas novas – de primeiro uso, ou já utilizadas para guarda de outros tipos de bebidas, vale citar o carvalho francês, carvalho americano, carvalho europeu, ex-bourbon, ex-maltado japonês, ex-turfado, ex-vinho do Porto, ex-chardonnay, ex-maple syrup, ex-malbec, ex-melado.


O envelhecimento em madeiras brasileiras é outra prática muito promissora, que não passa despercebida pelos produtores potiguares. A Mipibu, por exemplo, tem produtos armazenados e envelhecidos em jaqueira, bálsamo, grápia, canela amarela, castanheira, jequitibá rosa, amburana, eucalipto (tostado), jatobá, jequitibá, cumaru, ipê amarelo, putumuju.

A terceirização é um modelo de negócio que a cada dia se mostra mais lucrativo. No RN existem destilarias oferecendo esse serviço para empreendedores que preferem pular as complexas etapas de plantio do canavial, destilação e envelhecimento, para concentrar seus esforços nas vendas e promoção de suas marcas.


O amadurecimento em barricas de madeiras diversas permite explorar sabores e aromas
O amadurecimento em barricas de madeiras diversas permite explorar sabores e aromas

TURISMO DA CACHAÇA

O turismo da cachaça é outro ponto de atenção dos produtores potiguares. As praias do estado estão entre as mais lindas do mundo e recebem, anualmente, milhares de visitantes. Muitos engenhos estão localizados no litoral ou às margens de rodovias de grande fluxo, o que facilita a implementação de um “roteiro da cachaça”. Marcas como Mipibu, San Valle, Peri e Fulô do Mato, por exemplo, já estão de portas abertas ao turista, com uma estrutura admirável para receber e oferecer uma inesquecível experiência cachaceira.

Faz pouco tempo que os produtores do Rio Grande do Norte iniciaram a participação em concursos, e o que se viu foi a confirmação da alta qualidade e aceitação das cachaças produzidas no Estado. Uma marca bastante tradicional do RN, que se destaca por suas premiações, é a Cachaça Samanaú, de Caicó, região do Seridó potiguar. A Cachaça Pátria Amada, de Mossoró, é outra que já acumula medalhas. Entre elas a de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas, nos anos 2018 e 2020. Ainda em 2018, conquistou uma medalha de prata no mesmo concurso, com outro produto do seu portfólio. A Cachaça Extrema, de Pureza, conquistou esse ano com a sua cachaça prata, medalha de prata no Concurso Vinhos e Destilados Brasil. A Cachaça Mipibu, de São José de Mipibu é outra marca que enxerga os concursos de cachaça como oportunidade de promoção, ampliação de vendas e conquista de novos clientes. Há apenas dois anos a marca submete seus produtos à avaliação nos concursos e já coleciona 5 medalhas, sendo que a última conquista foi a de ouro no Concurso Vinhos e Destilados Brasil 2022, com a Mipibu Jaqueira.


Sala de barricas da cachaçaria Extrema
Sala de barricas da cachaçaria Extrema

Cachaça é alquimia brasileira e, parafraseando Câmara Cascudo, que sabiamente disse que “O melhor produto do Brasil ainda é o brasileiro”, podemos dizer que o melhor produto do Brasil ainda é a Cachaça.

Sim, as cachaças do Rio Grande do Norte estão prontas para ganhar o mundo e ainda vão dar muito o que falar. Então, para que esperar? Coloque logo no copo uma cachaça potiguar para a gente brindar!

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